quarta-feira, 10 de abril de 2013

Crônica: Leitura Noturna

Leitura noturna, 1884 Georg Pauli



O silêncio é absoluto, com exceção de cachorros latindo e alguns carros perdidos pela rua. Em sua casa apenas a luz do seu quarto está acesa, afinal é necessário alguma claridade pra você enxergar as letrinhas que se tornam cada vez mais pequenininhas a cada página. Mas você não pode largar agora. Oh não! Neste momento em que a mocinha está sendo sequestrada, em que o vilão está se dando mal, quando alguém encontrou algo importante, onde o personagem preferido foi ferido. E agora? Só mais um capítulo.

E sua mente continua a vagar por um mundo que não é palpável, onde você realmente só consegue chegar porque está insistindo em ler as pequenas letras. E elas oferecem tantas momentos interessantes, tantos lugares, mundos, pessoas, enigmas. Para que dormir se você pode sonhar acordado? Tendo a vantagem ainda da certeza do sonho, afinal, nem sempre dormir é sinônimo de sonhar.

Mas olha, já foi outro capítulo... “Ah, estou sem sono, vou continuar”, exclama aquele que está lutando ferozmente para manter os olhos abertos. É difícil abandonar a história, é difícil esquecer o que nos faz bem e que nos dá prazer. Já foram várias posições de leitura. Em cima da cama, no chão, de bruços, sentado, comendo, quem sabe até no banheiro?? Não se pode largar a história, nunca! A leitura é constante.

O capítulo está chegando ao final... Mais um? Será? Alguém aparece na porta do quarto e diz que já está na hora de dormir. Por que? “Eu ainda não terminei o capítulo, quando acabar vou dormir”, promete. Mas pelo jeito vai ficar ali, lendo uma história até o raiar do dia. Se dormir, talvez seja em cima do livro, quando finalmente as páginas se esgotarem e a história migrar para dentro dos sonhos.

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