O que dizer de um livro, de teor jornalístico, que abrange a futilidade da particular geração de adolescentes e jovens que vivemos hoje em dia? Bem, poderíamos dizer que é um livro muito esclarecedor, inteligente e crítico, que mostra uma parte da sociedade que está escondida em meio aos holofotes das mídias comunicacionais. Ao mesmo tempo, é uma narrativa que se atem a fatos interessantes e bizarros, que contribuem para a consolidação de uma discussão muito necessária nos dias atuais: Se não dermos limites às nossas crianças, o que elas se tornarão?
Nancy Jo Sales resolveu escrever “Bling Ring” após elaborar um artigo para um jornal, com a história de alguns jovens de classe média e alta de Hollywood que resolveram invadir as casas de famosos como Lindsay Lohan, Orlando Bloom, Paris Hilton, para roubar seus pertences, como roupas e sapatos de grifes, relógios caros, e outros itens de valor. A partir do artigo, Nancy ficou motivada a descobrir o que se passava na cabeça desses jovens, que tinham tudo para viver, mas ainda assim necessitavam furtar objetos de casas alheias.
Como uma boa jornalista, Nancy elabora sua história baseada nas poucas entrevistas que teve com alguns dos personagens. Nick Prugo é um dos principais rostos que compõe a história de Bling Ring. Um jovem que supostamente, por má influência e necessidade de amigos acabou sendo um dos iniciadores na gangue, juntamente com Rachel Lee. O perfil que Nancy traça do garoto é a de um jovem triste, supostamente arrependido de seus atos e com grande necessidade de aparecer na mídia, por motivos judiciais. Na verdade, todos os integrantes da gangue acabaram, uma hora ou outra, aparecendo na mídia em geral. Alexis Neiers, Diana Tamayo e Courtney Ames foram as outras principais integrantes do grupo. O perfil de Alexis é a de uma pessoa completamente fútil, falsa e interesseira. De todos os membros, ela é a mais intrigante, afinal já havia participado de um reality show e tinha a vida que desejava.
A credibilidade de “Bling Ring” é constituída, além das entrevistas, por pesquisas, e principalmente pelo tato e cautela da autora. Como o livro é um resultado de um processo jornalístico, não sabemos se podemos confiar plenamente nos depoimentos ou lembranças subjetivas dos entrevistados. De qualquer maneiro, é elaborada uma análise completa dos jovens norte-americanos atuais. Eles bebem e se drogam cada vez mais cedo, muitas vezes sem o controle dos pais, que não se importam de seus filhos serem mais preocupados com a aparência, do que com o bem estar alheio.
Quanto à resposta da pergunta do primeiro parágrafo, é necessário ler o livro para esclarecimentos mais reveladores. Mas a história por si só já responde a pergunta. Se não controlarmos os jovens e nós, os jovens, não nos controlarmos, continuaremos achando que somos os donos do mundo. Ainda dá tempo de abrir os olhos e percebermos que a vida não são apenas marcas e dinheiro.
P.S.- A história, com o mesmo título, também foi adaptada para o cinema, por Sofia Coppola.